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Diretor e vice-diretor do Centro de Ciências Exatas tomam posse para o quadriênio 2025-2029
Em solenidade realizada no Auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), nesta quarta-feira, 28, o reitor Eustáquio de Castro deu posse ao diretor e ao vice-diretor do CCE, respectivamente, Etereldes Gonçalves e Rafael Ferreira. Pró-reitores, professores, servidores técnico-administrativos, estudantes e familiares da gestão eleita estiveram presentes na cerimônia, que contou com uma apresentação do Instituto Serenata D’Favela, coordenado pela professora Luciene Chagas, da Prefeitura Municipal de Vitória.
Reeleito para o quadriênio 2025-2029, agora ao lado do professor Rafael Ferreira, Etereldes Gonçalves lembrou de sua trajetória desde o início de sua formação em escolas públicas de ensino fundamental e médio até o ingresso na Ufes como estudante e, por fim, como professor do CCE.
“Ninguém chega neste cargo apenas porque quer. Não fiz doutorado em Matemática pensando em dirigir um Centro. Isso é reflexo do que fazemos na nossa trajetória acadêmica. A recondução é sinal de que o trabalho que fizemos foi reconhecido pela comunidade”, afirmou o diretor.
O professor também destacou o trabalho coletivo de todos servidores e os estudantes do Centro. “Ninguém promove mudanças à base do chicote. Elas são feitas com convencimento, estratégia, e assim as pessoas vão percebendo as melhorias”, disse.
Já Rafael Ferreira salientou a importância do CCE por abrigar diversos cursos que contribuem para o desenvolvimento científico e técnico da sociedade, “transcendendo os muros da Universidade”. Ele enfatizou também o “senso de responsabilidade histórica” que tem ao ser o primeiro professor negro a ocupar a gestão do Centro: “É um avanço de toda a comunidade acadêmica no reconhecimento por diversidade”, disse.
Também presente na solenidade, a vice-reitora da Ufes, Sonia Lopes, ressaltou a posição estratégica do CCE na Ufes, em razão da qualidade das pesquisas e da excelência dos cursos. “Os desafios da gestão universitária são muitos, mas também são muitas as possibilidades de realização. A confiança depositada pela comunidade é reflexo da trajetória de compromisso, ética e dedicação que ambos construíram ao longo dos anos”, afirmou.
LabMaker
O reitor Eustáquio de Castro, oriundo do CCE, aproveitou a presença dos jovens do Instituto Serenata D’Favela para anunciar a intenção de instalar mais uma unidade do LabMaker – espaço voltado à experimentação, à criatividade e ao desenvolvimento de projetos científicos – no Morro do Quadro, bairro que abriga a sede do Instituto. O espaço integra o Programa Mais Ciência na Escola Capixaba, desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com a Ufes e com as secretarias municipais de Educação, que está promovendo a abertura de 30 unidades do LabMaker nas escolas da Rede Estadual.
“O que fazemos na Ufes é para a nossa sociedade, para nossos adolescentes e crianças. Somos referência em ciência, tecnologia e inovação, e precisamos interagir mais com o nosso entorno”, disse o reitor.
Categorias relacionadas InstitucionalCafé com Astronomia promove observação noturna com telescópio na Praça de Domingos Martins neste sábado, 31
O projeto Café com Astronomia, promovido pelo Clube de Astronomia Hubble da Escola Estadual Teófilo Paulino, de Domingos Martins, com apoio do Núcleo de Astrofísica e Cosmologia da Ufes (Cosmo/Ufes), terá mais uma edição neste sábado, 31. A atividade inclui palestras e observação noturna com telescópio na praça principal da cidade.
O evento tem início às 17 horas na Biblioteca Municipal de Domingos Martins. O encontro contará com a palestra A mais familiar e estranha força: a gravidade, do professor do Departamento de Física da Ufes Davi Rodrigues.
Em seguida, membros do Clube Hubble vão falar sobre objetos astronômicos visíveis no céu. Completando a programação, serão feitas observações do céu com telescópios. A organização pede que os visitantes levem sua caneca para o café.
Categorias relacionadas ExtensãoCine Metrópolis exibe relançamentos de Jorge Furtado e estreia nacional de documentário sobre esclerose múltipla
O Cine Metrópolis apresenta, a partir desta quinta-feira, 29, uma programação dedicada ao cinema nacional. Os destaques ficam por conta do relançamento em 4K de dois filmes dirigidos por Jorge Furtado: Ilha das Flores (1989) e Saneamento Básico, o Filme (2007). As sessões contam com cópias restauradas digitalmente, que serão exibidas em conjunto.
Ilha das Flores é um curta-metragem que se tornou um marco do cinema brasileiro. Com linguagem direta e montagem dinâmica, o filme constrói uma crítica social ao abordar a cadeia de produção do alimento e o descarte de resíduos, revelando a desigualdade no acesso aos recursos básicos.
Já Saneamento Básico, o Filme é uma comédia que acompanha moradores de uma pequena cidade que tentam produzir um filme para conseguir verba pública para construir uma fossa. O roteiro questiona a burocracia e o descaso com serviços essenciais, ao mesmo tempo em que homenageia o próprio ato de fazer cinema. O elenco conta com grandes nomes do audiovisual brasileiro, como Wagner Moura, Fernanda Torres, Camila Pitanga e Lázaro Ramos.
Além dos filmes de Jorge Furtado, o Cine Metrópolis recebe também a estreia do documentário Memórias de Um Esclerosado, dirigido por Rafael Corrêa e Thais Fernandes. O filme acompanha a rotina e os pensamentos de um homem diagnosticado com esclerose múltipla, em um relato pessoal e direto sobre a convivência com a doença.
Seguem em cartaz os filmes Homem com H, ficção inspirada na vida de Ney Matogrosso, e O Bem Virá, documentário sobre as forças das mulheres do sertão brasileiro.
Confira as sinopses dos filmes em cartaz no Cine Metrópolis de 29 de maio a 4 de junho:
Ilha das Flores + Saneamento básico, o Filme (Relançamentos em 4K), de Jorge Furtado (Brasil, 1989 e 2007)
Relançamento de duas grandes obras da carreira de Jorge Furtado. Em Ilha das Flores, a partir de um tomate, descobrimos o drama dos moradores de Ilha das Flores, que procuram alimento no lixo. Em Saneamento Básico, o Filme, uma pequena comunidade de descendentes de italianos enfrenta problemas de saneamento no sul do Brasil. A cidade não tem dinheiro para resolver a questão, mas os moradores decidem usar a verba para a produção de um filme de ficção para viabilizar a construção da fossa.
Memórias de Um Esclerosado, de Rafael Corrêa e Thais Fernandes (Brasil, 2024)
Na busca por respostas e um pouco de aventura, o cartunista brasileiro Rafael Corrêa decide fazer um filme para organizar suas memórias e descobrir se é a morte de um sapo a origem de sua doença degenerativa.
Homem com H, de Esmir Filho (Brasil, 2025)
Dono de uma voz inconfundível e de performances memoráveis, Ney Matogrosso morava com os pais e irmãos na pequena cidade de Bela Vista (MS). Os embates com o pai, que insistia que o menino “virasse homem”, levaram Ney a se afastar da família, antes de enveredar pela vida artística. Anos depois de sair de casa, em São Paulo, estreou como vocalista dos Secos e Molhados, dando início às performances históricas que o definiram como um dos maiores artistas brasileiros da atualidade.
O Bem Virá, de Uilma Queiroz (Brasil, 2025)
13 mulheres, 13 ventres, 13 esperanças, uma foto. E uma busca pelas mulheres que, em 1983, em uma seca no sertão do Pajeú pernambucano, lutaram pelo direito à sobrevivência, num contexto em que ser mulher era se limitar à função de administrar a miséria.
Confira os horários das sessões na página do Cine Metrópolis.
Categorias relacionadas CulturaFlor de café conilon pode ser usada na produção de chá
A potencial utilização das flores da Coffea canephora (café conilon) na produção de chás foi o resultado de uma pesquisa desenvolvida pela Ufes, por meio do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas, do Centro Universitário do Norte do Espírito Santo (Ceunes), em São Mateus, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Porto (Portugal). A pesquisa identificou os principais compostos bioativos das flores do conilon e fez a caracterização de seus perfis voláteis e sensoriais em infusões.
Segundo o professor Fábio Parteli, do Ceunes/Ufes, “a pesquisa deixa claro que as flores de café conilon têm grande potencial para o mercado de chás, pois proporcionam um produto com qualidades químicas, aromas e sabores extraordinários”. Ele diz, contudo, que muitos estudos devem ainda ser realizados até mesmo para saber quais genótipos são melhores para a produção de chá. “O trabalho foi pioneiro e muito ainda há de ser feito para otimizar processos, levantar custos e viabilidade econômica” afirmou Parteli.
A pesquisa foi realizada com seis genótipos de árvores de conilon (Verdim R, B01, Bicudo, Alecrim, 700, CH1) cultivadas em Nova Venécia, noroeste do Espírito Santo. Oito compostos de ácido clorogênico, sete ácidos fenólicos e os alcaloides cafeína e trigonelina foram quantificados em todos os extratos florais.
Em artigo publicado na revista Foods, os pesquisadores afirmam que “esses compostos são conhecidos por influenciar o sabor da semente do café e estão diretamente relacionados às suas ações antioxidantes e anti-inflamatórias in vivo e, consequentemente, às suas propriedades benéficas à saúde”.
Sabor e aroma
As infusões foram caracterizadas por um painel sensorial composto por nove avaliadores treinados (com idades entre 28 e 58 anos) do Brasil e dos Estados Unidos, com um mínimo de 200 horas de experiência na avaliação de diferentes produtos alimentícios e 50 horas de experiência na avaliação de chás ou infusões. Para gerar descritores sensoriais, seis amostras de infusões de flores de conilon foram apresentadas aos avaliadores.
De acordo com o resultado da avaliação, foram identificados nas flores 85 compostos orgânicos voláteis (que evaporam rapidamente). Floral, jasmim e flor-de-laranjeira, herbal, café verde, amadeirado e doce foram os atributos sensoriais mais citados para fragrância, aroma e sabor. “O que é interessante nesse chá [de flores de conilon] é que, além de ter compostos bioativos, também tem sabor e aroma maravilhosos”, diz a professora da UFRJ Adriana Farah.
A comercialização de flores de café poderá beneficiar consumidores e produtores, agregando valor à produção de café. “Esperamos que esse trabalho contribua para o desenvolvimento futuro de rodas de aromas e sabores de flores de café e para a consolidação do consumo de chá de flores de café em todo o mundo, para estimular o uso de todas as partes nobres da planta de café, aumentando a renda dos agricultores e apoiando a Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030”, finalizam os pesquisadores no artigo.
Atualmente, o conilon é uma das principais espécies comercialmente exploradas no mundo, respondendo por cerca de 45% do mercado de café. O Vietnã é o maior produtor e exportador mundial de conilon. O Brasil é o segundo maior produtor da espécie.
Categorias relacionadas PesquisaUfes e Ministério Público do ES firmam parceria para ações de qualificação técnica. Iniciativa fortalece a atuação jurídica no estado
A Ufes firmou um acordo de cooperação mútua com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para a realização de ações de formação no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Direito Processual (PPGDIR). O convênio – que tem como foco o intercâmbio de conhecimento, a qualificação técnica e o fortalecimento das atividades de ensino e pesquisa voltadas à atuação jurídica e institucional – foi assinado em solenidade ocorrida nesta quarta-feira, 28, no Salão Rosa, localizado no prédio ED II, no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE).
Estiveram presentes o reitor da Universidade, Eustáquio de Castro; a vice-reitora, Sonia Lopes; o procurador-geral de Justiça do MPES, Francisco Berdeal; o diretor do Centro de Estudos de Aperfeiçoamento Funcional do MPES (CEAF/MPES), Hermes Zaneti Júnior; o coordenador do PPGDIR, Cláudio Iannotti; servidores da Ufes e do MPES; e estudantes do CCJE.
Na ocasião, o reitor afirmou que o acordo entre as instituições simboliza o compromisso da Universidade com a defesa dos direitos humanos, a promoção da justiça social e a valorização do saber científico. “Mais do que uma cooperação técnico-acadêmica, trata-se de um gesto institucional que afirma, com firmeza, que só é possível avançar na construção de uma sociedade mais justa quando ciência, educação e justiça caminham juntas”, afirmou.
Ele disse ainda que o ato abrirá portas para outras parcerias: “Basta o primeiro que depois os demais vêm de forma mais fluida”.
Segundo a vice-reitora, a parceria é um exemplo de atuação das instituições públicas, como a Ufes e o MPES, como agentes transformadores da sociedade. “Uma parceria como esta nos convida a sair do lugar confortável do discurso e nos provoca a pensar e agir juntos. Nenhuma instituição pública cumpre seu papel de forma isolada”, disse Lopes.
O procurador-geral de Justiça do MPES, Francisco Berdeal, destacou que o acordo assinado com a Ufes ajuda a aproximar o MPES das demandas da sociedade: “Precisamos de mais moradia, saúde, educação, preservação do meio ambiente. Nisso a Ufes tem excelência, porque tem cientistas da mais alta qualidade em todas as áreas. Quando essas instituições se associam, a sociedade sai ganhando”.
Atuação
Administrado pelo CEAF/MPES, o convênio terá duração de cinco anos, com possibilidade de renovação, e prevê atividades técnico-didáticas nas modalidades presencial e a distância. Segundo Hermes Zaneti Júnior, diretor do CEAF, estão no escopo do acordo cerca de 40 atividades como encontros acadêmicos para apresentação de pesquisas do PPGDIR, cursos, reuniões técnicas, grupos de estudos e seminários na Região Metropolitana de Vitória e no interior do estado.
“Uma iniciativa como esta fortalece o sistema jurídico e representa uma abertura para a realidade social, pois o direito processual interfere na vida das pessoas. Trata-se de um plano ambicioso e de alto nível técnico e acadêmico”, afirmou o diretor do CEAF.
Para o coordenador do PPGDIR, o professor Cláudio Iannotti, o acordo beneficiará principalmente as camadas mais vulneráveis da sociedade capixaba. “O direito processual não pode ser visto sem atuar na base. Ele deve agir para a melhoria das condições de vida dos brasileiros, sobretudo daqueles mais vulneráveis”, disse.
Categorias relacionadas InstitucionalReitoria da Ufes recebe representantes da Liga dos Universitários Africanos e acolhe demandas dos estudantes
O reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, e a vice-reitora Sonia Lopes receberam na tarde desta quarta-feira, 28, representantes da Liga dos Universitários Africanos (LUA). O encontro foi realizado na véspera do Dia de África na Ufes, que acontece nesta quinta-feira, 29, e tratou de pautas relativas aos estudantes estrangeiros que cursam a Universidade.
O presidente da LUA, Evrad Ngalamou, entregou ao reitor uma carta com algumas demandas, como apoio para acolhimento, alojamento e a cessão de um espaço físico para atividades pedagógicas e artísticas voltadas para a cultura africana. Os pedidos foram acolhidos pelo reitor.
“Nesta quinta-feira sediaremos o Dia de África na Ufes e resolvemos, então, tratar de alguns temas que são importantes e inclusive dar alguns encaminhamentos. Dentro do que for possível no nosso arcabouço jurídico, faremos tudo o que pudermos fazer para atender as pautas desses alunos. Teremos na SRI [Secretaria de Relações Internacionais] recursos para ajudar na instalação dos alunos recém-chegados. Dentre as pautas necessárias, a moradia é a mais desafiadora, mas estamos buscando, inclusive, uma residência para acolher os alunos internacionais que chegam à Universidade. Tudo o que pudermos fazer, nós faremos”, disse Eustáquio de Castro.
Evrad Ngalamou afirmou que o custo de vida em Vitória é elevado e muito longe da realidade dos familiares dos estudantes africanos: “Precisamos de apoio para que o estudo não fique em terceiro plano na vida dos estudantes”. Ele disse ainda que a LUA foi fundada em 2017 e desde então vem sendo um espaço fundamental para conectar os estudantes com os diversos setores da Universidade. “E é isso que buscamos. O Dia de África está nesse contexto e é um evento significativo de diálogo e cultura”, disse o presidente da Liga.
ImagemEstudantes, representantes da LUA, membros da equipe da SRI e professores estiveram presentes no evento, que aconteceu na sala de sessões da Secretaria de Órgãos Colegiados Superiores (Socs) da Ufes. O secretário de Ações Afirmativas e Diversidade da Universidade, Gustavo Forde, declarou que este é um marco importante: “Sobre essa agenda, meu sentimento pessoal é que é um dia histórico. A Ufes tem 70 anos, eu estou aqui há 30 anos. Não me recordo de ter nessa sala, onde as mais importantes decisões da Ufes são tomadas, dezenas de nações africanas representadas por alunos e pesquisadores”, disse.
Forde estava acompanhado do professor da Universidade Federal de Pernambuco Lepê Correia, que será um dos palestrantes do Dia de África. “Todos os dias é Dia de África no Brasil, somos o segundo país com mais negros no mundo”, lembrou Lepê.
Fotos: Jaqueline Vianna
Categorias relacionadas Assistência estudantil InternacionalSilenciamentos de vivências culturais são temas de conferência gratuita na Ufes. Evento começa dia 31/5
“Tanto o ruído que silencia quanto o silêncio que amplifica expõem hierarquias políticas, sociais, culturais e epistemológicas, bem como ideologias, sensibilidades e estéticas coletivas em conflito nas sociedades contemporâneas”. Assim o professor do Departamento de Comunicação Social (DCS) Pedro Marra apresenta a questão principal que será discutida por pesquisadores nacionais e internacionais durante a IV Conferência Internacional de pesquisa em Sonoridades (CIPS), evento que acontecerá em formato on-line neste sábado, dia 31, e, presencialmente, entre os dias 4 e 7 de junho, das 9 às 21 horas.
As atividades se distribuirão entre o Teatro Universitário e o Centro de Artes (CAr) (campus de Goiabeiras) e as inscrições para o público geral podem ser feitas neste link, até o dia 30. Membros da comunidade universitária que queiram receber certificado de participação devem se inscrever mediante envio de e-mail para pedromarra@gmail.com.
A IV CIPS tem cunho acadêmico e artístico e trará palestras, performances, exposição e mesas temáticas com apresentação de trabalhos de pesquisadores da Europa e das Américas Latina e do Norte. As conferências principais serão proferidas pela professora sênior de música popular na The Open University (Reino Unido) Marie Thompson, que pesquisa questões ligadas a ciberfeminismo, som, tecnologia, surdez e culturas auditivas; e pela professora das universidades federais do Sul da Bahia (UFSB) e de Minas Gerais (UFMG) Rosângela de Tugny, que estuda cantos dos povos ameríndios e coordena a formação de agentes agroflorestais do povo Tikmũ’ũn.
A CIPS é realizada bianualmente pelo Grupo de Estudos em Imagens, Sonoridades e Tecnologias (Geist), que estuda as relações entre diferentes tecnologias, práticas sociais e elementos da cultura audiovisual. O Geist é formado por pesquisadores da Ufes, das universidades federais Fluminense (UFF) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos - RS), além de pesquisadores independentes, que consideram a cultura audiovisual algo fundamental para o entendimento do contexto sociopolítico contemporâneo.
Discussões
Representante da Ufes na CIPS, Marra explica que, ao adotar os silêncios como tema, a conferência busca tratar tanto de perspectivas discursivas mais formalistas no espectro musical, quanto trazer a discussão para os campos social e político, analisando o silenciamento de povos, vivências e de repertórios culturais. “A gestão dos territórios em que vivemos está sempre atravessada por lutas que articulam questões de classe, etnia, gênero, orientação sexual, deficiências e diversidades, direito à cidade e do antropoceno e essas são as questões que discutiremos ao longo da conferência”, ressalta o professor.
Após o período do evento, cartazes com códigos de barras (QR codes) serão afixados em locais de grande circulação de pessoas na cidade de Vitória. Os códigos darão ao público acesso a registros das performances e das obras de arte sonora apresentadas durante a conferência, incluindo as falas dos artistas.
A programação completa do evento está disponível no site da Conferência.
Categorias relacionadas PesquisaRepresentantes de consulado chinês visitam a Ufes para estreitar parcerias de cooperação acadêmica
Estreitar ainda mais os laços com o Brasil por meio de convênios entre as universidades nas mais diversas áreas do conhecimento: esse foi o objetivo de uma comitiva do Consulado Chinês ao visitar a Ufes no final da manhã desta terça-feira, 27. Eles foram recebidos pela vice-reitora Sonia Lopes e ofereceram o consulado como ponte para o diálogo entre a Ufes e as universidades da China.
“Temos uma forte intenção em intensificar esse intercâmbio com as universidades chinesas. Estamos aqui para tratar de todos os pontos possíveis para apresentarmos ao grupo que irá compor o acordo de cooperação – não só no aprendizado do mandarim, que é uma grande demanda, mas também no aprendizado da rica cultura da China. Estou muito feliz em recebê-los”, disse a vice-reitora.
Entre os membros da comitiva do país asiático, estavam a consulesa geral da China no Rio de Janeiro, TianMin; a vice-consulesa Can Zeng; o conselheiro Jin Yanhui; e o correspondente da Agência de Notícias Xinhua no Rio de Janeiro, Zhao Yan.
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o Brasil é o primeiro país da América Latina com parceria estratégica com nosso país. Queremos ir além, para um futuro compartilhado e mais justo e sustentável. Esse é o melhor momento histórico para isso”, disse TianMin.
Além da vice-reitora Sonia Lopes, participaram do encontro com a comitiva chinesa a chefe de gabinete da Reitoria, Ana Paula Bittencourt; o diretor de Relações Interinstitucionais da Universidade, Gustavo Cardoso; a chefe da Divisão de Acordos de Cooperação da Secretaria de Relações Internacionais (SRI), Maria José Pontes; a secretária executiva da SRI, Christie Zon; e o coordenador do Núcleo de Línguas, Mário Cláudio Simões.
Em outubro do ano passado, dois professores da Ufes fizeram uma visita técnica à Universidade Politécnica de Shenzhen (SZPU), com a qual a Ufes já tem parcerias. O objetivo da missão é estender para as áreas tecnológicas a colaboração que já existe no campo dos idiomas.
Fotos: Jaqueline Vianna
Categorias relacionadas Institucional InternacionalDançarinos do programa de extensão Fordan são premiados em festival internacional de dança
Estudantes da Ufes e membros da comunidade capixaba que fazem parte do corpo de dançarinos do programa de extensão Fordan: cultura no enfrentamento às violências foram premiados na segunda edição do Grande Prêmio Internacional de Dança do Espírito Santo, festival que aconteceu no Teatro Universitário no último final de semana e contou com mostras competitivas de balé clássico e neoclássico, dança contemporânea, jazz, danças urbanas e estilo livre. A equipe do Fordan foi a única representante da Ufes na competição e conquistou o terceiro lugar em duas categorias: Estilo Livre - Conjunto Avançado; e Dança Contemporânea - Conjunto Avançado.
O Fordan foi premiado com as coreografias Viral e Diva, desenvolvidas pelos coreógrafos, dançarinos e professores de dança do Laboratório Instrumental de Dança (Lida/Fordan) Ruan Loureiro e Janayna Gomes, respectivamente. Na coreografia Viral, dez bailarinos apresentam os efeitos de um vírus, abordando o poder de disseminação da internet. “A ideia foi refletir sobre o mundo virtual, principalmente a partir da relação com o celular e as redes sociais, e como esse espaço tem sido utilizado para a reprodução de violências sobre os corpos, sobretudo de pessoas negras”, explica Loureiro, professor das oficinas de jazz.
Já em Diva, quatro bailarinas trataram do empoderamento das mulheres, mostrando uma personalidade feminina glamurosa e bem-sucedida que foi ganhando destaque em espaços que antes eram ocupados majoritariamente por homens. “A relação da coreografia com os Direitos Humanos é debater o lugar da mulher frente a uma sociedade patriarcal, na qual apenas os homens têm voz. É direito de todas as mulheres usufruir da liberdade política e sexual, do acesso à justiça e à educação, da igualdade salarial e da independência financeira”, avalia Gomes, responsável pelas aulas de stiletto do Lida.
Para o especialista em Ensino da Dança e coordenador do Núcleo de Cultura do Fordan, Everton de Oliveira, as premiações recebidas pelos dançarinos reafirmam a excelência do trabalho artístico e pedagógico desenvolvido pelo programa, fortalecendo a visibilidade do projeto no cenário da dança e contribuindo para sua legitimação junto à comunidade acadêmica e à sociedade. “A participação do Fordan foi marcada pelo trabalho coletivo e pela valorização de temáticas fundamentais, como os Direitos Humanos, que permeiam todas as modalidades oferecidas pelo programa. Essas premiações reafirmam a qualidade artística do grupo e a relevância do seu trabalho no cenário, refletindo nosso compromisso com a arte, a inclusão e a formação crítica por meio da dança”, ressalta.
Espaço de expressão
O programa de extensão Fordan: cultura no enfrentamento às violências é um projeto social criado em 2005 pela professora do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) Rosely Pires, que, além de oferecer oficinas de dança para a comunidade acadêmica e para toda a sociedade capixaba, atua no enfrentamento da violência sofrida por mulheres, crianças, jovens e pessoas em vulnerabilidade social. Segundo Oliveira, o Fordan se utiliza da dança para criar espaços seguros de expressão, escuta e reconstrução subjetiva, nos quais as mulheres atendidas podem ressignificar suas vivências, recuperar a autoestima e transformar a arte em uma ferramenta de resistência, cura e transformação.
Algumas oficinas e ensaios foram realizados nas salas do CEFD em uma parceria articulada pela direção do Centro com a organização do evento, o que viabilizou a participação dos bailarinos do Fordan a partir de cotas gratuitas de apresentação e de envolvimento em oficinas. “Esta parceria objetivou oferecer oportunidades de aperfeiçoamento artístico, imersões e vivências aos estudantes. Foi uma parceria produtiva, que resultou em prêmios e reconhecimento ao Fordan”, avalia a diretora do CEFD, Zenólia Figueiredo.
Para Everton de Oliveira, a participação do Fordan em eventos como o Grande Prêmio Internacional de Dança vai além da exibição artística. "Ela está diretamente ligada à missão social do projeto, especialmente no que se refere ao acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência. A arte, neste contexto, reafirma o compromisso do Fordan com os Direitos Humanos e com a promoção de uma cultura de paz e equidade de gênero”, conclui.
Fotos: Divulgação
Categorias relacionadas Cultura ExtensãoDia do ceramista é celebrado nesta quarta, 28, com atividades lúdicas e gratuitas no campus de Goiabeiras
Em comemoração ao Dia do Ceramista, celebrado nesta quarta-feira, 28 de maio, o Laboratório de Cerâmica da Ufes e a Associação de Ceramistas do Espírito Santo (Cerames) estão organizando uma sequência de atividades lúdicas e instrutivas sobre a cerâmica, que acontecerá na sede do Laboratório (sala 5 do prédio Cemuni 4) e no entorno do Centro de Artes, no campus de Goiabeiras. O evento será realizado ao longo da tarde, se estendendo ao período noturno, e terá toda a sua programação baseada em uma temática central: o fogo.
A celebração é gratuita e aberta a todos os públicos interessados nas técnicas de produção artesanal de cerâmicas.
Este é o quarto ano em que o Laboratório de Cerâmica da Ufes e a Cerames organizam atividades para comemorar o Dia do Ceramista. A programação desta edição conta com uma queima primitiva em fogueira, conhecida como queima em forno de buraco, às 13 horas; apresentações (masterclasses) com demonstrações práticas dos ceramistas premiados Acélio Rubens (às 14 horas) e Mikka Wenz (às 15 horas); e palestra sobre a relação entre fogo e ancestralidade com a professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional (PPGPsi/Ufes) Leila Domingues (às 18 horas). O evento se encerra às 19 horas com a apresentação do violonista Igor DG e de Raku, uma técnica japonesa de queima de cerâmica.
De acordo com a coordenadora do Laboratório de Cerâmica, Isabela Frade, o Dia do Ceramista na Ufes é um evento muito animado, que atrai um grande público: “Nós mostramos a presença da cerâmica na Universidade e a importância da cerâmica no estado do Espírito Santo, especialmente na cidade de Vitória, onde temos vários ceramistas, pessoas com um trabalho muito bom. Há um campo bastante ativo aqui”.
Categorias relacionadas EnsinoProjeto de combate à febre do oropouche foca em estratégias integradas e já considera desenvolvimento de vacina
Desenvolver estratégias integradas de enfrentamento à febre oropouche baseadas em técnicas de manejo de culturas e controle do vetor, vigilância epidemiológica, vigilância genômica, intervenção direta sobre os cuidados do paciente e identificação de biomarcadores para facilitar o diagnóstico; futuramente, trabalhar para o desenvolvimento de uma vacina. Esses são os objetivos do projeto Enfrentamento da febre do oropouche no Espírito Santo, apresentado em evento realizado na tarde desta segunda-feira, 26, no auditório do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, em Maruípe, Vitória.
A cerimônia de formalização da parceria entre a Ufes e o Governo do Estado para proteger a população capixaba da febre de oropouche reuniu o reitor Eustáquio de Castro, o secretário de estado da Saúde, Tyago Hoffmann; o secretário de estado de Agricultura, Enio Bergoli; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Rodrigo Varejão; o coordenador geral do Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Espírito Santo (Lacen/ES), Rodrigo Rodrigues; o membro da equipe do projeto no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), José Aires; o diretor do CCS, Helder Mauad; e o coordenador do projeto na Ufes, professor Daniel Gomes, que também está à frente do Núcleo de Doenças Infecciosas (NDI) da Universidade.
Segundo Gomes, a febre do oropouche é a principal arbovirose presente no Estado hoje, com 60% do total de casos nacionais em terras capixabas. O levantamento é de dezembro de 2024 até o dia 13 de maio último. Nesse período, foram 6.693 casos positivos de febre oropouche, sendo que 120 foram de transmissão vertical, de gestantes para fetos. “Tivemos confirmados dois óbitos, mas em análise há cerca de oito mortes. Então, isso mostra que é uma doença bastante importante, com desdobramentos inclusive ligados à saúde pública”, afirmou.
Vacina
O projeto, segundo o professor, tem dois grandes focos de pesquisas: um deles, supervisionado diretamente pelo Incaper, está associado à questão do manejo de culturas e o controle do vetor. O segundo envolve a Ufes em colaboração com o Lacen, que é ligado à saúde. “Nós [da Ufes e Lacen] vamos pensar diferentes estratégias, uma abordagem ligada à vigilância epidemiológica, outra à vigilância genômica, principalmente nas questões de mutações, e outra que são os desdobramentos clínicos com estudos da imunopatogênese e com as práticas clínicas mais voltadas para intervenção junto ao paciente. Por fim, [vamos trabalhar] a identificação de biomarcadores, principalmente voltados para desenvolvimento tecnológico de métodos de diagnóstico e, quem sabe, até uma vacina que poderia ser utilizada contra a arbovirose”, afirmou.
O professor explicou que, atualmente, o diagnóstico da doença é feito por método molecular, na qual a amostra precisa chegar no Laboratório Central para poder ser processada. “A ideia é montar testes rápidos, kits, que podem ser usados pelas prefeituras para fazer o discernimento de diferentes arboviroses: dengue, zika, oropouche. Isso daria maior celeridade no tratamento. E mais para frente, a gente está trabalhando com a possibilidade do desenvolvimento de uma vacina. Não neste prazo de três anos, que é o prazo do projeto. Uma vacina demanda muito mais tempo para ser testada, mas a gente tem essa visão de continuidade do projeto para o desenvolvimento de uma vacina futura”.
Sobre os recursos, o professor informou que já foram repassados cerca de R$ 3,8 milhões à Ufes e existem parcelas a serem liberadas à medida que as entregas do projeto forem feitas. Os aportes financeiros da Fapes para a Ufes e o Incaper somam R$ 6 milhões. A expectativa é que as pesquisas tragam benefícios sociais para as populações vulneráveis, que estão próximas às áreas de transmissão, para profissionais de saúde e também benefícios econômicos para o setor produtivo.
Parcerias
O reitor Eustáquio de Castro ressaltou a parceria com o governo do Estado, lembrando que a iniciativa “está em acordo com uma das linhas da nossa gestão na Ufes, que é a promoção da saúde”. O reitor afirmou que os projetos de saúde estão cada vez mais “ganhando robustez” e falou da ideia de trazer um centro de pesquisa para dentro da Universidade: “Isso nós estamos já tratando; está mais ou menos estabelecido quais serão os laboratórios que vão ocupar esse centro”.
O reitor também falou das ações integradas, “de longa data”, na área da agricultura e destacou que “a nossa estratégia é trabalhar alinhado com aquilo que o Espírito Santo demanda na área da agricultura”. Ele lembrou de outras iniciativas desenvolvidas em conjunto com o Estado, como na área de ciências oceânicas, na qual já foi feito aporte de recursos, e falou dos projetos para a Amazônia Azul Capixaba, “um projeto que já está nas mãos do governador”.
O secretário da Agricultura, Enio Bergoli, elogiou a parceria entre o governo do Estado e a Ufes, e lembrou a atuação do Incaper, órgão que vai fazer 70 anos. “A gente tem competência técnica, gera conhecimento e os produtores e produtoras rurais se apropriam desse conhecimento. Assim, a gente consegue ser competitivo no Brasil e fora do país”, disse. Ele aposta na identificação de mecanismos naturais capazes de reduzir a população de insetos que transmitem o vírus da oropouche. “Assim como [o grupo da] saúde, em breve, nós vamos estar disponibilizando muitos resultados parciais que já vão ajudar no controle desse problema”.
O secretário da Saúde, Tyago Hoffmann, contou que, quando chegou à pasta, em janeiro, se deparou com um “batalhão" de pessoas da Agricultura, da Universidade, e da Saúde, para uma reunião sobre oropouche. “Rapidamente, eu e o secretário da Agricultura acertamos com o governador o financiamento para essa importante pesquisa”, comentou, referindo-se aos R$ 6 milhões que estão sendo disponibilizados pelo Estado, por meio da Fapes, para o projeto.
“A Fapes é o nosso braço de pesquisa; é um instrumento para que possamos fazer esse tipo de trabalho”, afirmou o secretário, destacando que a gestão aposta “sempre na ciência”. Ele lembrou que, durante a pandemia da covid-19, “criamos um grupo de trabalho com pessoas do nosso Instituto Jones [dos Santos Neves] e da Ufes, e desenvolvemos as melhores projeções para avaliar a evolução da doença e, consequentemente, a necessidade de leitos hospitalares, de enfermaria e UTI. Nenhum capixaba, nenhum capixaba morreu aqui no Estado do Espírito Santo sem conseguir acessar um leito hospitalar”, registrou.
O representante do Incaper no evento, José Aires, destacou que o órgão já busca estratégias no meio rural para evitar a doença. “Nós estamos formando uma equipe multidisciplinar para atuar no campo, junto ao agricultor”, lembrando que a mosca transmissora (conhecido como mosquito maruim) está sobretudo em áreas rurais associadas a algumas culturas, como é o caso da bananeira. Assim, afirmou, o Incaper vai trabalhar para desenvolver estratégias de manejo do inseto vetor e das plantações.
Daniel Gomes também lembrou as parcerias com as secretarias municipais de saúde: “Já estamos tendo uma interação grande com as secretarias no que diz respeito aos pacientes, busca de amostras. Então, esse panorama mostra como o projeto integra o Governo do Estado, a Universidade Federal do Espírito Santo e os governos municipais em prol da resolução de um grande problema ligado ao Espírito Santo”.
Polo de produção de conhecimento
Na avaliação do professor da Ufes e coordenador do Lacen, Rodrigo Rodrigues, um marco importante desse projeto “é o Espírito Santo estar capacitado para enfrentar outros desafios que virão”. O segundo destaque é que o Espírito Santo se consolida como um polo de produção de conhecimento em níveis nacional e mundial. “Nós estamos olhando a doença como um todo, indo do vetor à ponta, que seria a evolução final dessa doença, e, possivelmente, com desenvolvimento de protocolos não só de diagnóstico e prevenção, mas também de tratamento. Então, é um projeto extremamente arrojado”.
O diretor do CCS, Helder Mauad, ressaltou que esse projeto, além de importante contribuições para o enfrentamento da oropouche, também tem um viés acadêmico de valor. “Nós temos aqui nessa plateia vários pós-graduandos, e essa forma [integrada] de enfrentamento à doença serve como um exemplo dentro de uma área tão importante, que são a saúde coletiva e as doenças infecciosas”.
Desde o início do projeto, no ano passado, os pesquisadores da Ufes já têm cinco artigos aceitos em revistas internacionais, e três deles já publicados.
O presidente da Fapes, Rodrigo Varejão, afirmou que, desde o ano passado, a ação da Fundação está focada na área de saúde. “Graças à iniciativa de vocês, a gente está conseguindo fazer esse enfrentamento que envolve uma rica articulação de instituições aqui presentes”. Ele reforçou a competência de pesquisadores, estudantes de mestrado, doutorado e da graduação com condição de fazer o enfrentamento do oropouche. “Essas iniciativas [da Fapes] que estão sendo executadas é para que vocês sejam os protagonistas para enfrentar os grandes desafios do nosso Estado”. Varejão anunciou para o mês de junho “o maior edital de pesquisa da Fapes”, na ordem de R$ 28 milhões. “Todas as áreas de conhecimento serão contempladas, inclusive a saúde”, afirmou.
Fotos: Sueli de Freitas
Dia de África na Ufes: estudantes africanos organizam evento com palestras e atividades culturais gratuitas nesta quinta, 29
Mundialmente celebrado no dia 25 de maio, o Dia de África será lembrado na Ufes com um evento que abordará a temática Diálogos de Pesquisa Afro-centrada: Ciência, Cultura e Contextos e acontecerá na próxima quinta-feira, 29, das 8 às 19 horas, no auditório Ieda Aboumrad (Centro de Educação, campus de Goiabeiras). Ao longo de todo o dia, o público participará de palestras e mesas-redondas, conhecerá tecidos e roupas africanas por meio de um desfile e acompanhará atividades culturais em uma programação que visa celebrar o aniversário de fundação da Unidade Africana (atual União Africana), que se deu no dia 25 de maio de 1963. O evento é gratuito e as pessoas interessadas em participar devem se inscrever por meio deste link.
O Dia de África na Ufes é organizado pela Liga dos Universitários Africanos (LUA) em parceria com as secretarias de Ações Afirmativas e Diversidade (SAAD), de Cultura e de Comunicação da Ufes; o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab); e o bloco afro Coisas de Negres. O evento será aberto por uma conferência proferida pelo intelectual pernambucano Severino Lepê Correia, que falará sobre Ciência, cosmovisão e valores civilizatórios negro-africanos no Brasil. Lepê Correia é radialista, professor, especialista em História, mestre em Literatura e Interculturalidade e integra o conselho consultivo da Revista Palmares - Cultura Afro-Brasileira, periódico do Ministério da Cultura. Cantor e compositor, ele também faz parte do grupo musical Boca Coletiva, que divulga músicas afro-latinas e afro-brasileiras.
As atividades matutinas seguirão com a palestra África através do sabor, proferida pelo chef Chez Kimberly, e, após intervalo, o período da tarde terá início com a mesa redonda Celebrar o Dia de África na Universidade: vivências e vozes de estudantes internacionais com trajetórias africanas no espaço acadêmico. Na sequência, o público acompanhará o desfile Tecidos e roupas africanas: riquezas e significados e a segunda mesa redonda, Patrimônio de África: cultura e sociedade. As atividades culturais encerram a programação do evento.
Intercâmbio cultural
Estudantes que participam da LUA. Na segunda fila, de camisa verde, Evrad Ngalamou. Ao seu lado, Quetinha Augusto.A LUA é uma associação civil fundada em 2017 pelos estudantes Evrad Ngalamou (de Camarões) e Ynnamileh Djonnu (da Guiné-Bissau) e, desde o início, é a principal responsável pela realização do Dia de África na Ufes. “Esta data tem se consolidado como um espaço de valorização da presença africana na comunidade acadêmica, de promoção do intercâmbio cultural e de fortalecimento da identidade dos estudantes africanos. Esta e outras ações da LUA têm fortalecido a presença institucional da população africana na Ufes, garantindo o reconhecimento da sua contribuição para a Universidade e para a sociedade capixaba”, avalia o atual presidente da Liga, Ngalamou, aluno do nono período de Engenharia da Computação.
Segundo a SRI, a Ufes conta com 88 estudantes, incluindo graduandos e integrantes do Programa de Estudantes-Convênio/Português-Língua Estrangeira (PEC-PLE), vindos de 15 países do continente africano, dentre os quais estão Angola, Quênia, República Democrática do Congo, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gana e Moçambique. Já na pós-graduação, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) contabiliza 36 estudantes, dos quais 15 fazem cursos de mestrado e 21, de doutorado.
Reflexão
A mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCCon) Quetinha Augusto está entre esses alunos. Moçambicana, ela conta que a adaptação no Brasil foi facilitada pela similaridade do idioma e pelo acolhimento da comunidade acadêmica da Ufes, especialmente dos conterrâneos participantes da Liga. Para a estudante, o Dia de África é um momento especial de reflexão: “É lembrar da nossa luta contra a colonização europeia, valorizar a nossa história, a nossa cultura e a nossa tradição, mas também é um momento para pensar num futuro mais justo, com mais desenvolvimento para o nosso continente. É importante lembrar que a África tem muito a oferecer ao mundo”.
O caboverdiano naturalizado brasileiro Jair Silva (um dos entrevistados da série especial Consciência Negra) já passou por todas as fases pelas quais estão passando seus conterrâneos africanos na Ufes. Morador do Brasil há 28 anos, ele fez graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade e, atualmente, é professor e vice-coordenador do programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), além de pesquisador do Laboratório de Telecomunicações (LabTel/Ufes). Ele define como “importantíssimas” as comemorações em torno do Dia de África. “Celebrar esta data é significativo tanto por causa das ligações histórico-culturais entre os continentes quanto pelas discussões que visam à manutenção de programas de colaboração, tais como o PEC-G [Programa de Estudantes-Convênio de Graduação] e o PEC-PG [Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação], assim como para a celebração de novas formas de convênio”, conclui.
Foto: Adriana Damasceno
Categorias relacionadas Institucional InternacionalUfes e Governo do Estado fazem a abertura oficial de projeto de enfrentamento a oropouche nesta segunda-feira, 26
A abertura oficial dos trabalhos do projeto Enfrentamento às Arboviroses no Estado do Espírito Santo será realizada na próxima segunda-feira, 26, às 14 horas, no auditório Rosa Maria Paranhos, no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, localizado no campus de Maruípe. Trata-se de uma parceria entre a Universidade e o Governo do Estado, anunciada no mês de fevereiro último, em evento no Palácio Anchieta, visando à adoção de medidas para enfrentar a febre do oropouche em território capixaba.
Na ocasião, o reitor Eustáquio de Castro destacou a relevância do projeto, tendo em vista que o Espírito Santo concentra 95% dos casos de oropouche no Brasil. “Vamos, junto com pesquisadores de outras instituições capixabas, colocar todo o nosso conhecimento e infraestrutura de laboratórios nesse trabalho para buscar as melhores formas de combater e controlar esse mal”, afirmou o reitor.
O projeto é coordenado pelo Núcleo de Doenças Infecciosas (NDI) da Ufes, com participações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/Sesa); da Secretaria de Estado de Agricultura, por meio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf); e com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Pesquisas em curso
Os três grupos envolvidos nas pesquisas já estão em funcionamento, sob a coordenação do professor Daniel Gomes, que também é o dirigente do NDI. O projeto conta com a colaboração dos professores do Departamento de Patologia da Ufes Edson Delatorre e Rodrigo Rodrigues – atualmente coordenador do Lacen/Sesa.
Uma das frentes de pesquisa investigou o primeiro óbito por febre oroupouche no Espírito Santo, confirmado oficialmente em dezembro de 2024 pela Sesa. Um artigo científico sobre o caso foi publicado na última segunda-feira, 19, na revista científica inglesa Lancet Infectious Diseases, com o título Unraveling the pathogenesis of Oropouche virus (Desvendando a patogênese do vírus oropouche).
O artigo descreve como a infecção pelo oropouche contribuiu para o óbito da paciente. Para identificar os fatores por trás do agravamento da doença, os pesquisadores analisaram dados virológicos, histopatológicos e imunológicos. O estudo também investigou como a resposta inflamatória descontrolada pode ter causado danos severos a órgãos como fígado, pulmões e rins, levando à falência múltipla.
“Trata-se da análise mais completa já realizada sobre um caso fatal de oropouche, revelando o potencial devastador do vírus – antes associado apenas a febres leves e autolimitadas – para desencadear complicações fatais. Os resultados reforçam a necessidade de monitorar casos graves e entender os mecanismos por trás dessas formas agressivas da doença”, afirma Delatorre.
Categorias relacionadas Pesquisa SaúdeUfes comunica com pesar o falecimento do fotógrafo, documentarista e doutor honoris causa da Universidade, Sebastião Salgado
A Administração Central da Ufes comunica com pesar o falecimento de Sebastião Salgado, fotógrafo, documentarista, ambientalista e doutor honoris causa da Universidade, ocorrido nesta sexta-feira, 23.
Sebastião Ribeiro Salgado Junior nasceu em Aimorés, na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais. Em Vitória, ele morou e estudou desde a adolescência, ingressando no curso de Economia da Ufes em 1964, onde se formou em 1967. Em seguida, juntamente com a esposa, a capixaba Lélia Deluiz Wanick, transferiu-se para a capital paulista, onde cursou mestrado em Economia na Universidade São Paulo (USP). Em 1969 o casal foi para a França, onde Salgado cursou doutorado na Universidade de Paris.
Na Europa, deu início à sua saga na arte fotográfica e no fotojornalismo, tendo trabalhado nas principais agências de notícia. Na década de 1990, Salgado idealizou a criação do Instituto Terra para promover reflorestamento e recuperação ambiental na região do Vale do Rio Doce. A fazenda onde está instalado o instituto, em Aimorés, tornou-se uma reserva do patrimônio natural e importante laboratório de pesquisa e formação ambiental, sendo referência mundial.
Doutor honoris causa
Sebastião Salgado recebeu o título de doutor honoris causa concedido pela Ufes em sessão solene realizada no dia 12 de maio de 2016, no Teatro Universitário. O título é a mais importante homenagem prestada pela Universidade e foi um reconhecimento por sua relevante contribuição às artes, à cultura, à ciência, à ecologia e à produção fotojornalística.
Durante a solenidade, destacou-se que a obra de Sebastião Salgado “constitui influente contribuição para estudos antropológicos e sociológicos, para a pesquisa em História Natural, para o desenvolvimento das artes e das técnicas fotográficas, e para pesquisas científicas e tecnológicas sobre mudanças ambientais ocorridas em diferentes regiões do planeta”.
Na ocasião, o fotógrafo manifestou sua gratidão à Ufes: “Minha primeira formação foi nesta Universidade. Aqui eu tive a oportunidade de ter uma formação ética, política. Agradeço às autoridades universitárias que me concederam este título e prometo honrá-lo até o fim de minha existência”.
Em nome de toda comunidade acadêmica, a Administração Central da Ufes lamenta a morte de Sebastião Salgado e presta sua solidariedade aos seus familiares e amigos.
Categorias relacionadas InstitucionalDoutoranda do PPGA lança livro neste sábado, 24, sobre identidade, memória e resistência de grupos ciganos no Brasil
A pesquisadora e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Artes da Ufes (PPGA/Ufes) Déborah Sathler lança neste sábado, 24, o livro Saga Cigana - História Oral de Vida: identidade e gênero. A obra é fruto de mais de uma década de convivência com grupos ciganos no Rio e no Espírito Santo e mergulha em temas como identidade, gênero, memória e resistência cultural.
O lançamento será realizado às 16 horas, no Espaço Cultural Thelema (Rua Graciano Neves, 90, Centro, Vitória).
Com base na história oral, o livro dá protagonismo às vozes ciganas – de mestres, jovens e ativistas – e tem a proposta de desconstruir estereótipos sobre esse povo. A autora também expõe a conexão entre as culturas cigana e afro-brasileira, as marcas do degredo colonial, a segregação territorial e a luta por reconhecimento.
O livro é uma publicação da Editora Cousa em 218 páginas, custa R$ 70 e o lançamento acontece no Dia Nacional dos Povos Ciganos. A programação contará com roda de conversa e sessão de autógrafos com a autora; exposição de arte dedicada à Santa Sara Kali, com Kotha Moreno; e atendimentos com a cartomante Calon Maria Cigana. A partir das 18 horas haverá um pocket show do Duo Yali (o couvert é de R$ 15).
Segundo Sathler, embora o Brasil seja o terceiro país com maior população cigana do mundo (atrás apenas de Romênia e dos Estados Unidos, ainda há muito apagamento: “Pouco reconhecemos a contribuição dos povos ciganos na nossa cultura e na formação do Brasil. Existe uma ideia errada de que eles viveram isolados dos outros povos oprimidos, quando na verdade sempre houve trocas, convivência e resistência conjunta”.
O prefácio da obra é assinado pelo historiador José Carlos Meihy, das universidades de São Paulo (USP) e Stanford, pioneiro em história oral no Brasil. Ele define o livro como “encantador, com uma narrativa elegante e envolvente que traz à tona temas urgentes sobre os ciganos no Brasil de hoje”.
Sobre a autora
Déborah Sathler é mestre em Humanidades, Culturas e Artes pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio), premiada internacionalmente em Portugal pelo livro 30 anos da gravação de Madalena do Jucu, e autora de Trilhas; a construção da identidade e memória social dos trabalhadores em alimentação do ES, lançado na Ufes. Atua com a metodologia da História Oral da USP e tem vasta experiência com projetos sociais, memória e identidade cultural.
Categorias relacionadas CulturaCentro Tecnológico lança nesta terça-feira, 27, projeto que visa a inclusão de mais mulheres em cursos de ciência, tecnologia e exatas
Na próxima terça-feira, 27, às 11 horas, será lançado no auditório do CT-XIII (CT 13) o Projeto GIRLS - Gênero, Inclusão, Resiliência e Liderança em STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). O objetivo é promover uma série de ações que garantam maior inclusão e equidade de gênero nos cursos do CT.
De acordo com o Censo da Educação Superior de 2022, as mulheres representavam 60,3% dos concluintes em cursos presenciais de graduação no Brasil. No entanto, nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharias e Matemática, essa participação era de apenas 22%.
Segundo a professora Camila Zacche, coordenadora do projeto, a representatividade feminina é ainda menor em cursos de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação, atingindo apenas 15% dos concluintes.
Ela destaca que entre as ações previstas estão a criação de um espaço de convivência e acolhimento – o LabGIRLS; promoção de apoio a projetos de pesquisa e extensão relacionados ao tema; disseminação de dados e práticas; e realização de ações de extensão para a comunidade.
“As áreas do Centro Tecnológico têm um índice grande de evasão somado a um índice baixo de ingressantes. Então, é um efeito cadeia. A ideia é criar um ambiente acolhedor para as alunas e fazer com que isso também tenha um efeito de atrair novas ingressantes, incentivando atividades de extensão sobre o tema fora da universidade e através da participação em mostras de profissões, por exemplo, além de buscar atingir de forma transversal outros projetos de extensão”, diz a professora Roberta Gomes, vice-diretora do Centro Tecnológico da Ufes.
Durante o lançamento, também será realizado o acolhimento das alunas ingressantes do CT/Ufes.
Categorias relacionadas EnsinoPesquisadora da UFRJ é a convidada deste sábado, 24, do projeto Universo no Parque
A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Diana Paula Andrade é a convidada deste sábado, 24, do projeto Universo no Parque. Com o tema Entendendo o sistema solar a partir dos meteoritos, a palestra explicará, por exemplo, o que são as rochas espaciais que viajam milhões de quilômetros até chegar à Terra. O evento terá início às 10 horas, na Praça da Ciência, em Vitória, e é aberto ao público. Para universitários, a atividade contará como hora complementar.
Segundo os organizadores, os meteoritos podem ter origem em regiões mais próximas, como a Lua e o planeta Marte, ou em regiões mais longínquas, como o Cinturão de Asteroides ou a região dos Cometas, e fornecem aos cientistas muitas informações do seu corpo parental, sem que seja necessário investir muitos recursos para buscá-los: “Eles caem aqui na Terra de graça e nos ensinam muito sobre a formação e a evolução do nosso sistema planetário”.
Andrade atua no Observatório do Valongo, na UFRJ, e tem estudos nas áreas de Astrofísica e Astroquímica, com foco em estrelas supergigantes, meteoritos, gelos e química de grãos interestelares.
Difusão da ciência
O projeto Universo no Parque é uma iniciativa do grupo de pesquisa Cosmo/Ufes, do Departamento de Física, e tem o objetivo de levar as discussões científicas sobre o universo para o grande público, de modo que sejam difundidas para a sociedade e não fiquem restritas ao meio acadêmico.
Mais informações estão disponíveis no site e no perfil do grupo de pesquisa no Instagram.
Categorias relacionadas PesquisaMovimentos migratórios e herança genética: estudos na Ufes ajudam a decifrar identidade brasileira e predisposição a doenças
Ao longo dos anos, os movimentos de imigrantes, muitas vezes atraídos por ciclos econômicos, somados aos povos originários indígenas e população africana, formaram a população do Espírito Santo e do Brasil, tal qual conhecemos hoje. As relações estabelecidas e as somas de DNAs resultaram na miscigenação que vai além das aparências: traçam nossos costumes, nossa identidade e até nossas referências genéticas que trazem informações valiosas para a ciência, como predisposição a doenças. Na Ufes, dois estudos de diferentes áreas vêm contribuindo para decifrar quem nos tornamos durante os últimos séculos.
Um dos estudos diz respeito à análise histórica dos movimentos migratórios no Estado, realizado pela professora do Departamento de Ciências Sociais e coordenadora do Laboratório de Estudos dos Movimentos Migratórios da Ufes, Maria Cristina Dadalto, juntamente com o professor do Programa de Pós Graduação em Geografia Ednelson Mariano Dota. O outro é o estudo Saúde Indígena no Espírito Santo, coordenado pelo professor de Fisiologia no Centro de Ciências da Saúde da Ufes, José Geraldo Mill. O estudo capixaba contribuiu para o mais completo estudo sobre o mapa genético brasileiro, publicado recentemente pela revista Science.
Movimentos migratórios
A professora Maria Cristina Dadalto explica que o estudo relacionado aos movimentos migratórios ocorridos no Espírito Santo foi dividido em quatro períodos: entre 1810 e 1900, com a chegada dos primeiros imigrantes incentivados pela política colonial ao final do ciclo de imigração internacional; de 1910 a 1950, relacionada à expansão das frentes agrícolas colonizadoras do interior do estado e a ampliação da mobilidade nacional intra e interestaduais; de 1960 aos anos de 1990, articulando a política de erradicação do café e os investimentos produtivos nacionais e externos; e, por fim, a partir dos anos 2000 com o crescimento da indústria do petróleo, incentivado pelo crescimento econômico e populacional, inclusive pelo plano 20-25 estadual.
“No estudo fica muito evidente esses diferentes processos migratórios. Até o início do século XIX, a imigração de europeus era subdimensionada no Estado. Na época éramos uma província com várias regiões formando pequenas colônias, com uma população espalhada e alguma movimentação econômica, incluindo a população indígena em algumas regiões. A partir daí começamos a analisar o Oitocentos (período do século XIX marcado por diversos eventos, como a expansão cafeeira, a imigração de europeus, e a luta pela abolição da escravatura) e nesse período a migração europeia diz muito do resultado da pesquisa. Tivemos uma maioria de imigrantes italianos, além de imigrantes internos, especialmente das regiões fronteiriças do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que começaram a vir para a produção de café e também extração de madeira. Grandes fazendeiros expandiram suas terras por aqui trazendo pessoas escravizadas e população miscigenada”, diz ela.
O terceiro momento, de 1960 a 1990, marca o êxodo rural como resultado da política de erradicação dos cafezais e um período de intensa emigração em nível estadual com a implementação de novos fluxos migratórios com base na industrialização provocada pelos grandes projetos implantados na Grande Vitória. Tal evento gerou a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). “Muitos migrantes nacionais chegam ao Estado nessa época, gerando um grande crescimento populacional com grande concentração na região urbanizada”, diz.
Por fim, no quarto período analisado, temos a mobilidade de 2000 a 2010, realizada com a gestação e implementação do plano estadual conhecido como 20-25 e o crescimento da indústria do petróleo, resultando na abertura comercial da economia do país e das privatizações. Outro fato que têm fortalecido e modificado os ciclos de migração inter e intraestadual no Espírito Santo foi a inserção de 28 municípios do norte do estado na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
“Nossa hipótese é a de que as políticas estatais foram as principais condicionantes dos fluxos migratórios do Espírito Santo ou que nele se originaram ou se destinaram. Essas políticas impulsionaram o deslocamento da concentração de riquezas do interior, junto à classe rural do estado no período da colonização até os anos de 1960 para a Grande Vitória. Foram elas, em diferentes contextos históricos, que gestaram a transformação sociocultural, econômica e política do estado, sendo a redistribuição espacial da população uma de suas faces”, destaca.
Mapa genético brasileiro
Esses processos migratórios promovidos por ciclos econômicos resultam em novas conexões entre pessoas de diferentes etnias, resultando em uma população com heranças genéticas de vários povos. Recentemente, um estudo considerado o mais completo sobre o mapa genético brasileiro e publicado esta semana na revista Science, teve a contribuição de um estudo capixaba, realizado na Ufes pelo professor de Fisiologia no Centro de Ciências da Saúde da Ufes, José Geraldo Mill.
O professor explica que a pesquisa analisou os genomas completos de 2.723 pessoas como parte do projeto DNA do Brasil, e inclui indivíduos de comunidades urbanas, rurais e ribeirinhas das cinco regiões geográficas do País. O Espírito Santo contribuiu com amostras biológicas da população indígena de Aracruz, coletadas a partir do estudo Saúde Indígena no Espírito Santo, coordenado por ele.
“O estudo precisava de diversas amostras de diferentes etnias, então o Espírito Santo pôde contribuir com as amostras que já tínhamos, da população indígena, quando nos propomos a monitorar a saúde daquela população. Mais de 10 instituições contribuíram nesse processo em todo Brasil. A partir dessas amostras, encaminhadas para a Universidade de São Paulo (USP), foi feito o sequenciamento de genoma, lido e comparado com outros bancos. No total, mais de 2.700 amostras foram analisadas em todo o Brasil.
A pesquisa revela mais de oito milhões de variantes genéticas desconhecidas até hoje. A maior parte da amostra estudada apresenta cerca de 60% de ancestralidade europeia, 27% africana e 13% nativa. As maiores porcentagens de ancestralidade africana estão no Norte e no Nordeste do País, enquanto as europeias se concentram no Sul e no Sudeste.
“É interessante observar que toda a movimentação migratória fica escrita em nosso DNA. Através desse estudo, pudemos perceber, por exemplo, que a miscigenação é mais realizada ao longo da história pela via da mulher. Isto é, foi mais comum o homem branco se relacionar com mulheres indígenas e negras do que a mulher branca se relacionar com homens dessas etnias. Isso é importante do ponto de vista histórico e também do ponto de vista biológico atual, pois muitas doenças - ou mesmo resistência a certas doenças - são típicas de uma etnia ou outra e são herdadas por via maternal ou paternal, conforme o caso. Então podemos perceber, através do estudo de genoma, o perfil e as predisposições das doenças, tendo possibilidade de influenciar na política de saúde”, diz o professor.
Foto: Freepik
Categorias relacionadas PesquisaUfes oferece atividades gratuitas de bem-estar e saúde para servidores a partir da próxima terça-feira, 27
Os quatro campi da Ufes se preparam para receber um dia dedicado ao bem-estar e à saúde dos servidores da Universidade. Fruto de parceria entre a Ufes, por meio da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), e a Casufes Saúde, o evento Em Dia com a Saúde oferecerá atividades gratuitas com foco no gerenciamento do estresse e da ansiedade à comunidade interna.
O campus de Maruípe receberá a ação na próxima terça-feira, 27, das 9 às 16 horas, em uma estrutura montada próxima ao Restaurante Universitário (RU). O evento acontecerá em Goiabeiras, também próximo ao RU, no dia seguinte, no mesmo horário; em Alegre, na quadra poliesportiva, no dia 4 de junho, das 9 às 15 horas; e em São Mateus, na praça central, no dia 11 de junho, das 9 às 15 horas.
Baseada em práticas corporais, integrativas e de prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas, a programação contemplará um momento de acolhida com ambientação sensorial para favorecer o relaxamento, além de atividades de massagem, automassagem, reflexologia podal, aferição de pressão arterial, glicemia capilar, bioimpedância e questionário de estresse percebido.
Segundo a diretora de Atenção à Saúde (DAS), Daniela Simões, a promoção da saúde no ambiente de trabalho tem se consolidado como uma estratégia fundamental para o desenvolvimento sustentável das instituições e para o bem-estar dos seus colaboradores.
“Em contextos profissionais marcados por exigências crescentes e rotinas intensas, torna-se cada vez mais necessário repensar práticas que favoreçam a qualidade de vida dos trabalhadores, contribuindo para a prevenção de doenças e a construção de ambientes mais saudáveis, favorecendo assim a melhoria dos serviços ofertados pela instituição”, afirma Simões.
Embora seja prioritariamente voltada aos servidores da Ufes, a ação também acolherá estudantes interessados em participar. Não é necessário fazer inscrição prévia.
Categorias relacionadas Institucional SaúdeRacismo e violência de estado são temas de seminário gratuito na Ufes. Inscrições abertas
Discutir a relação entre racismo e violência de estado e as práticas clínicas que se dedicam a intervir no mal-estar e no sofrimento psíquico decorrentes dos excessos cometidos por agentes de segurança pública é a ideia central do II Seminário Clínicas da Violência: Racismo e Violência de Estado, evento gratuito que acontecerá entre os dias 11 e 13 de junho no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), no campus de Goiabeiras.
Pessoas interessadas em registrar trabalhos devem enviar resumo expandido até o próximo domingo, dia 25, por este link. Já quem deseja participar como ouvinte tem até o dia 6 de junho para se inscrever por meio de preenchimento do mesmo formulário. As vagas são limitadas a 200 pessoas e haverá emissão de certificado para os participantes.
O seminário é gratuito e dirigido a pesquisadores, estudantes, integrantes de movimentos sociais e profissionais das áreas de saúde, educação, segurança pública e assistência social interessados na temática da violência. Entre as atividades propostas na programação estão conferências e palestras, mesas de debate, comunicações orais e minicursos, ações que serão conduzidas por convidados majoritariamente negros que têm contribuições clínicas a partir da psicanálise e de outros campos do saber.
O evento é organizado pelo grupo de pesquisa Psicanálise: Clínica e Laço Social, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional (PPGPsi), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha (UVV) e o Conselho Regional de Psicologia da 16ª Região (CRP 16). A programação contará com professores e especialistas para tratar de temas que envolvem políticas públicas, saúde mental e enfrentamento da necropolítica (conceito filosófico que se refere ao uso do poder sociopolítico para definir quem pode viver e quem deve morrer) e dispositivos clínicos e escuta psicanalítica da população negra, além de violência de estado a partir de perspectivas indígenas, quilombolas e de movimentos de mães que perderam seus filhos em decorrência da violência policial.
Espaço de encontro
Segundo o coordenador geral do seminário, o professor do PPGPsi Fábio Bispo, a ideia é que o evento se constitua como espaço de encontro entre as demandas da população negra apresentadas por movimentos sociais e representantes do poder público. “Também deverá contribuir com o avanço nas pesquisas e intervenções articuladas com a temática, além de espaço de constituição de parcerias e de formação para operar dispositivos de escuta e acolhimento da população negra, aprimorando o olhar sobre suas necessidades específicas em termos de saúde mental”, conclui Bispo.
Durante o seminário, serão lançados dois livros produzidos por pesquisadores do grupo de pesquisa. O primeiro, organizado por Bispo e Mariana Mollica, tem como título Narrativas sobre a morte violenta: costuras e amarrações e trata dos diferentes traumas e estragos ocasionados pela morte violenta no tecido social. Já o segundo é a coletânea Escrevivências: diálogos com a psicologia e a psicanálise, que tem como organizadores Luizane Guedes, Luziane Siqueira e Bispo. A obra apresenta práticas de pesquisa e intervenção que utilizam o dispositivo das escrevivências, termo criado pela escritora Conceição Evaristo, como perspectiva política de escrita.
Mais informações podem ser obtidas pelo perfil do seminário no Instagram.
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